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Após acidente que o deixou tetraplégico, Ajuricabense de 27 anos conclui faculdade de administração

15 de dezembro de 2022

Essa é uma história sobre amor, determinação, esperança e superação. O ano era 2017 e Jaderson Viana, então com 23 anos, voltava de uma festa no interior de Ajuricaba, município onde nasceu e vive até hoje com sua família, quando sofreu um acidente que mudaria sua vida. Naquela noite, Jadi, como é chamado, se acidentou de carro e fraturou a cervical C3 e C4, uma lesão que o deixou tetraplégico, ou seja, sem movimentos do pescoço pra baixo. A partir daí, Jadi ganhou uma segunda chance de vida e precisou se readaptar completamente a nova realidade, com o corpo completamente paralisado. 

Foram meses de internação e tratamentos até voltar pra casa. No hospital, Jarderson conheceu aquela que hoje é sua esposa, Carla, que na época foi uma das enfermeiras responsáveis pelos cuidados dele. Depois do amor quase que ‘a primeira vista’ que nasceu dentro do hospital, Carla e Jadi iniciaram juntos uma nova caminhada. A trajetória acadêmica do Jadi havia começado ainda em 2012 na Unijuí, através do curso de administração.

Três anos depois ele havia pego transferência a outra universidade, a  FALL. Jadi ainda estava na faculdade quando sofreu o acidente e logo nos primeiros meses após sua saída do hospital, tomou uma decisão ousada, que exigiria muita coragem e determinação, da parte dele e de toda família. Jaderson decidiu continuar a faculdade. Mesmo sem conseguir mexer as mãos ao menos para segurar uma caneta e fazer suas anotações, Jadi decidiu que faria dar certo. E assim ele fez. No início do retorno à vida acadêmica, Jadi era quem recebia os colegas e os professores, num apartamento alugado especificamente para dar agilidade ao tratamento em Ijuí. No início de 2018, depois de ter voltado a morar em Ajuricaba, ele conseguiu retornar à sala de aula, quando três vezes por semana, toda família vinha à Ijuí, com auxílio da prefeitura, para poder acompanhar as aulas. “Precisei do apoio de toda minha família. Pai, mãe, esposa. Eu precisava de ajuda para me locomover, para segurarem minha cabeça, meus ombros, etc.” comenta Jadi.

A esposa Carla, em contato com a Rádio Progresso, relatou que foram dias difíceis. “Pegamos inverno, chuva, e mesmo assim o Jaderson fazia questão de não faltar aula. Ele foi tão persistente que a própria faculdade disponibilizou uma pós-graduação para ele, com bolsa de 100%. Ele sempre foi inspiração aos colegas” comenta. Apesar de todas as dificuldades impostas no caminho, Jadi conseguiu. Em março deste ano Jaderson Viana recebe o certificado de graduação em administração. Mas ele concorda que não foi fácil. “Sem poder fazer qualquer tipo de anotação eu precisei focar muito mais, prestar muito mais atenção nos conteúdos” relata.

Hoje, com o auxílio de uma caneta que ele põe na boca, Jadi consegue escrever e se comunicar através do WhatsApp, e com o passar dos anos vem desenvolvendo tarefas que o desafiam a cada dia. Hoje ele é técnico de um time de futebol em Ajuricaba que disputou nesse ano o primeiro campeonato sob seu comando. Sempre na beira do campo acompanhando e dando força pro time, que ele ajudou a organizar. As fisioterapias seguem diariamente de segunda a sexta-feira. O acompanhamento médico também é constante. Infelizmente com o passar dos anos, Jadi não teve avanços no que se refere a mobilidade de pernas e braços, mas isso não é motivo de reclamação. Muito pelo contrário, Jadi encara a vida com a mesma felicidade de sempre, e afirma com alegria que “pra tudo há um jeito”. Buscando sempre ver o lado bom de qualquer situação, Jaderson agradece a ajuda de todos os amigos e família que esteve com ele até aqui, e a fé em Deus segue o acompanhando e levando esperança para ele e toda família. Há anos Jadi busca recursos pra realizar um tratamento em Brasília, e deposita nesse tratamento a esperança de resgatar qualquer movimento no corpo, no entanto, o tratamento é caro, mas ele nunca perdeu a esperança. “Se Deus quiser em 2023 será possível viajar para o tratamento e, quem sabe, isso me traga avanços na recuperação” finaliza Jadi.

Fonte: RPI