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Morando de favor e enfrentando dificuldades, catadora de recicláveis luta para cuidar do filho com deficiência

6 de outubro de 2022

A vida da catadora de recicláveis Dejanira Müller passou por uma transformação brusca há 28 anos, quando o filho, à época com seis meses, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e, em consequência de uma deficiência adquirida, passou a demandar atenção integral da mãe. Hoje, aos 28 anos, Jonathan Müller não se locomove e precisa de cuidados 24 horas por dia. 

A catadora, que tem 63 anos, conta com o auxílio financeiro do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do filho e das cestas básicas que recebe com intervalo de um mês, do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) de Ijuí, sem os quais não conseguiria manter a alimentação da família, ainda que falte durante alguns dias. Ela tentou morar em uma casa alugada, mas não estava conseguindo manter os alugueis em dia, quando foi acolhida pelo também catador, Elias Antunes. 

A casa humilde, de dois cômodos, não impediu que seu Elias acolhesse Dejanira e Jonatan. Atualmente ele e a filha, de 15 anos, dividem o pouco que têm com os dois. “Não conseguir ver eles naquela situação, né? Um dia fui na casa dela e eles não comiam há três dias, não consegui aguentar aquilo. Aqui a gente tem pouco, mas o pouco que temos, dividimos. E agora vai vir o auxílio do governo”, disse. 

Dona Dejanira conta que com o pouco que consegue juntando lixos recicláveis, não consegue comprar tudo o que precisa. “Não tenho de onde tirar, faço o que posso, mas tenho que cuidar dele. Isso é muito triste”, disse. Ela divide o quarto com o filho e dorme em uma cama de solteiro para que ele possa ficar mais confortável na maior, de casal. Durante o dia, Jonatan fica sobre um “puff”, que já está bastante degradado, o que contribuiu para o enrijecimento dos membros. “Antes ele fazia fisioterapia na APAE, mas a moça disse que não tem mais como fazer porque se tentar estender os braços e pernas dele, vai quebrar”, lamenta Dejanira.

O pedido da dona Dejanira é por uma poltrona para que possa acomodar o filho, que sente dores frequentes por conta do puff, já que ele fica em uma posição desconfortável durante o dia. “Se alguém tiver uma poltrona e puder nos doar, agradeço muito, de coração. Dói ver ele sentindo dores, nesse puff todo estragado e não ter o que fazer. Não posso deixar ele o dia todo na cama, no quarto, porque ele reclama e é quente”, diz. 

Os suprimentos que Jonatan precisa tomar diariamente são fornecidos pelo estado. “Tivemos que entrar na justiça, só depois que o juiz mandou é que passamos a receber de graça”, disse Dejanira. Ela conta que quando recebe a cesta básica do CRAS, tem comida garantida por alguns dias e quando acaba, conta com a sorte de vender alguns materiais para comprar. “Às vezes não consigo e aí falta mesmo”. 

A irmã de Elias, Elenir Antunes, foi quem procurou a Rádio Progresso. Chorando, ela lamenta não poder ajudar mais. “Eu queria fazer mais por eles, comprar carnes, comida, uns móveis novos, a poltrona… mas também sou humilde, tenho minha filha. É desesperador ver eles nessa situação”, diz. Há anos dona Dejanira conseguiu comprar uma antena parabólica. O objetivo era oferecer algum entretenimento ao filho, que passa dias e noites, olhando ao redor. O problema é que agora falta a televisão. “O que eu posso fazer? Queria comprar, não tenho como”, diz. 

Quem puder ajudar a família com alguma doação, pode entrar em contato com a Elenir, através do telefone (55)9107-2299 ou entregar direto no endereço da dona Dejanira, na Rua Décio Betinelli, nº 614, bairro Luiz Fogliatto. 

Fonte: Rádio Progresso de Ijuí