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Organização criminosa que importava e revendia agrotóxicos ilegais movimentou mais de R$ 25 milhões só em 2022

15 de dezembro de 2022

A Polícia Civil do Rio Grande o Sul, contando com a participação de diversos órgãos de segurança pública e fiscalização do Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia, executou na manhã de hoje, cerca de 160 ordens judiciais contra uma organização criminosa que comercializava e falsificava agrotóxicos de uso proibido no Brasil.

Participaram da Operação Hórus mais de 300 policiais e fiscais em 21 municípios desses Estados, como São Luiz Gonzaga, Santo Antônio das Missões, Roque Gonzales, Bossoroca, Santiago, Itacurubi, Passo Fundo, Marau, Palmeira das Missões, Nova Ramada, Santo Ângelo, Giruá , Humaitá, Tiradentes do Sul e Cruz Alta, no Rio Grande do Sul; Marialva no Paraná; e São Desidério, Novo Paraná, Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e Riachão das Neves, na Bahia.

Entre as ordens judiciais foram

– 11 mandados de prisão preventiva (chefias da organização);

– 55 mandados de busca e apreensão em residências e empresas (em 15 cidades do RS, uma do Paraná e cinco na Bahia);

– 22 mandados de busca e apreensão de veículos (usados ou adquiridos pela organização criminosa);

– 37 mandados de sequestro de bens e rendas e suspensão de CNPJ das empresas “laranjas”.

A operação policial é resultado de uma investigação que vem sendo realizada pela Draco de São Luiz Gonzaga há um ano, com apoio do Departamento de Polícia do Interior, os quais coordenam a Operação Hórus na Polícia Civil do RS.

Ambos são coordenados também pelo DPI da Secretaria da Segurança Pública (SSP) e Chefia da Polícia Civil. No RS, além de 125 policiais civis, participaram policiais e agentes da Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Rodoviária Federal, Batalhão de Operações Especiais, Ministério da Agricultura, Receita Federal, Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e Instituto-Geral de Perícias (IGP). No Paraná e na Bahia participaram a Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério Agricultura.

No decorrer das investigações, apurou-se que a organização criminosa era chefiada por um grupo de produtores rurais e empresários, alguns deles do ramo de insumos agrícolas, sendo que alguns deles movimentaram, em poucos meses – de janeiro a agosto de 2022 – mais de 25 milhões de reais em contas bancárias de “laranjas” (empresas, parentes e amantes).

Filha herdou atuação na organização 

No início das investigações, apurou-se que um dos chefes do esquema criminoso acabou morrendo em razão de complicações decorrentes do COVID-19. Assim sendo, a filha desse criminoso, que então contava 28 anos de idade, acabou assumindo a posição de liderança que o seu pai ocupava na organização criminosa, trazendo inclusive para o esquema o seu namorado. A “herdeira do crime” acabou tendo que aprender todas as técnicas envolvidas na venda e falsificação dos agrotóxicos ilegais.

Além disso, uma das figuras que mais chamou a atenção durante as investigações foi uma psicóloga residente na cidade de Passo Fundo. Ela mantinha um elevado padrão de vida, pois, aparentemente, conseguia conciliar os compromissos profissionais de psicóloga com a atividade criminosa de falsificação de embalagens de agrotóxicos. Para tanto, contava com a colaboração de uma grande empresa da região de Marau, que também passou a ser alvo das investigações.

Agrotóxicos eram enviados para vários Estados, principalmente Bahia

Os Criminosos enviavam cargas dos agrotóxicos Paraquat e benzoato de emamectina para todo o Brasil – Bahia era o principal mercado consumidor.

No período de um ano de investigações, percebeu-se que a organização criminosa enviou diversas cargas de agrotóxicos ilegais para diversos produtores rurais do Brasil, em especial RS e Bahia, sendo que lá as cargas se concentraram nas regiões de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, região que tem se destacado nacionalmente na produção de grãos, especialmente a soja.

A DRACO monitorou as movimentações financeiras dos investigados, constatando que grande parte do dinheiro auferido com a venda criminosa dos agrotóxicos ilegais passou pelas mãos de diversos “laranjas”, incluindo familiares, “amantes” e empresas. Das atividades empresariais usadas para a lavagem da renda do crime, destacaram-se uma conhecida loja de roupas de grife, uma empresa do ramo de insumos agrícolas e uma pequena empresa de fabricação de “cucas” (pães doces), todas localizadas em São Luiz Gonzaga.

Uma das “amantes” que atuava como “laranja” do esquema criminoso, com frequência, esbanjava a riqueza auferida com o crime realizando inúmeras viagens para destinos paradisíacos, muitos deles fora do Brasil, sempre ostentando os detalhes das viagens em suas redes sociais.

Fonte: Rádio Progresso de Ijuí e PC